sexta-feira, 26 de junho de 2009

Angra - Holy Land


O Angra na sua formação clássica, em 1996.


Existem alguns álbuns e bandas que marcam um estilo. Uma banda marcante para o metal brasileiro, talvez a maior, ao lado do Sepultura, é o Angra. O primeiro álbum da banda, Angels Cry, de 1993, já era considerado um dos grandes álbuns da história do Metal Melódico, sendo a banda uma das responsáveis pela introdução da música clássica na música pesada mundial. Os garotos inexperientes de São Paulo, sob a batuta do excelente vocalista Andre Matos, parecem ter guardado o melhor da carreira para o álbum seguinte, em 1996, saía do forno um dos melhores CDs de música brasileira, em minha opinião.

Holy Land é um álbum temático, fundamentado nas grandes navegações do século XVI, em especial no descobrimento do Brasil e sua colonização pelos portugueses, no entanto, não é um álbum conceitual, o que deixa as letras (belíssimas) livres para interpretação, os temas viajam com a história, passando pelas dificuldades da navegação, pela visão das terras do mundo novo, os habitantes do lugar, a saudade da Europa... A música clássica está muito presente, dando um ar meio “renascentista”, em especial, às canções que retratam o mundo europeu da época. No entanto, o grande diferencial do álbum, é a inclusão, em grande quantidade, de brasilidade no álbum – enquanto a maioria das bandas de Power Metal (inclusive o Angra no cd seguinte) seguiam o modelo europeu, a banda buscava uma personalidade própria muito interessante – e aí tem pra todo gosto, música indígena, influência da música negra, MPB, e uma boa dose do Metal. ‘Nothing to Say’ é uma música rápida e com percussões furiosas, que abre bem o álbum, ‘Make Believe’, uma balada com momentos épicos, é o outro clássico presente no cd. Entretanto, músicas menos famosas são, para mim, de mesmo valor. ‘Silence and Distance’ é uma das músicas mais lindas que eu já escutei, emocionante e empolgante. ‘Holy Land’ e ‘Carolina IV’ (com seus mais de 10 minutos de puro batuque) são músicas que retratam o regional brasileiro misturado ao bom Metal com muita fidelidade.

Há ainda ‘The Shaman’, com a letra inspirada no poema indianista Juca Pirama, de Gonçalves Dias, que conta com cânticos de tribos amazônicas ao fundo, e ‘Deep Blue’ uma faixa sinfônica lindíssima, com destaque para o vocalista Andre Matos se aventurando como tenor. ‘Z.I.T.O.’ é uma faixa pesadíssima, onde, enfim, as guitarras tomam a frente, Kiko e Rafael mostram que não foram esquecidos em meio ao mar de melodia brasileira. O encarte do cd é maravilhoso, assim como a produção, a idéia de tratar o Brasil como a terra santa, também foi de ótimo gosto.

Pouco sobrou no Angra atual dos tempos de Holy Land, a banda ganhou em peso e qualidade técnica, mas perdeu em melodia e influência da música brasileira. Ainda assim, esta banda é, provavelmente, o maior representante de música brasileira em várias partes do mundo. Holy Land é uma grande obra do Metal brasileiro que merece respaldo.

Nota 9/10

Um comentário:

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